domingo, 23 de dezembro de 2007

Prenúncio, abrenúncio

Este é um prenúncio que se confirmará daqui a um ano, pois eu gosto de perscrutar a realidade e servir de oráculo de realidades pérfidas e inúteis. A Leopoldina...esse produto acabado da sociedade de consumo, há anos que acompanha sagradamente todos os nossos televisivos Natais. Todos os anos a Leopoldina nos torra os miolos na mais inútil publicidade, com a mais colante das músicas lusas nataleiras. Este ano as mesmas entidades entram-nos em casa com a Popota, a fiel sucessora da Leopoldina. Para o ano se confirmará aquilo que suspeito há pouco...que no Natal de 2008 teremos apenas a hedionda Popota a badalar nos nossos queridos televisores. Este é o ano de transição, o próximo o da confirmação...a ver se tenho ou não razão...e a Popota já vem embebida nas iniciativas solidárias que, embora louváveis, servem indisfarçavelmente para fortalecer a campanha promotora desse boneco que eu não sei o que representa. Tudo serve, carne para canhão, chamem-lhe o que quiserem: até a solidariedade conta na hora de fazer publicidade. desejam-se muitos e bons anos à hipopótama da quadra. Afinal, a leopoldina durou bem uns 15 anos, recordam-se?

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Este texto descritivo fala sobre o que é o Natal hoje: comida, compras e o "velho vermelhusco" com o seu cortejo de decorativos

ONDE ESTÁ O MENINO?


Maria José Nogueira Pinto
jurista
O único traço rico do meu presépio é conseguido pelas figuras, réplicas dos presépios barrocos italianos, o movimento elegante dos corpos, a doçura dos traços fisionómicos, a delicadeza das cores, o conjunto organizando-se numa coreografia de expectativa, de iminência de algo grandioso e há muito anunciado.

O musgo, que hoje já não tenho à mão de semear, veio do Horto e é tão espesso que mais parece artificial. Dois tarolos de lenha tentam reproduzir, nas extremidades, uma espécie de montes e colinas, com as quais pretendo enquadrar o vale onde vou deitar o Menino. Não resisto a colocar, em equilíbrio mais que precário no ponto mais alto desta composição, um tosco castelo para lembrar Herodes. E uma fonte de barro, vários pequenos espelhos a fingir lagos e rios, e duas pontes arquitectonicamente impossíveis como contributos para uma versão mais realista daquela improvável paisagem. Contemplo a minha obra sem grande orgulho. Excepto as figuras, claro!

Os pastores têm a mão sobre os olhos, perscrutando o horizonte; a mulher junto do poço, ergue a vasilha como que suspensa num momento de revelação; um outro sopra na sua gaita de foles como se lhe coubesse o dever de dar sinal, de anunciar o acontecimento; um camponês segura a cesta dos ovos como um bem precioso destinado à homenagem e ao reconhecimento de algo muito importante; os reis do Oriente não desiludem com as suas vestes de brocado e ouro velho, a sua alta estatura, a cor da sua pele e os seus presentes reais guardados em urnas que, mesmo na pequena dimensão das figuras, se percebem de ouro revestidas de pedras de preciosas.

No sopé do meu improvisado monte, protegido pela encosta, está o Menino. Deitado nas palhas, só tem umas faixas brancas a cobrir parte da sua nudez de recém-nascido. Ao lado, a Mãe debruça-se sobre ele, o movimento do corpo descreve esse impulso de protecção materna e a cabeça inclinada deixa adivinhar um olhar de desvelo. Um pouco mais afastado, num segundo plano, aquele que lhe estava destinado, José mantém-se de pé, numa atitude protectora.

História terrível, esta, em que se cruzam profecia, desígnio e mistério, que requer a nossa atenção humilde para deslindar os sinais de aparente contradição: o medo do rei Herodes, a matança dos inocentes, a fuga de Maria e José, as portas que se fecham, o parto num estábulo, as dores, o frio, a solidão e a pobreza. Mas também a estrela que guiou os reis do Oriente e os anjos que anunciaram a boa nova aos pastores.

Onde se tinha visto, alguma vez, o Divino descer voluntariamente à condição de humano, expor-se a todas as vulnerabilidades para estar entre nós, para que não ficássemos sozinhos? Uma história de esperança e de salvação. Esperança nos homens de boa vontade e caminho de redenção, libertador do jugo a que tantos estavam condenados.

O Natal é isto mesmo. Para os que têm fé, a renovação da Encarnação, de um poderoso e salvívico acto de amor. Para os que não têm fé, o aniversário de um homem que revolucionou o seu tempo, fez face aos poderosos, exaltou os humildes, lutou pela justiça e pela liberdade e, por isso, foi crucificado. Em qualquer caso, uma imensa prova de confiança na nossa pobre condição humana, que devia servir de motivo para alguma reflexão interior, sobre cada um de nós e os outros, todos os outros que vivem, ainda hoje, na privação da esperança e da dignidade.

Há dois meses que nos incitam a "brincar ao Natal", agora definitivamente transformado num entrudo pelo marketing desenfreado da sociedade de consumo. Só vejo o velho vermelhusco, o seu trenó e as suas renas, sinos, fitas e bolas, pinheiros de todos os tamanhos, comida e presentes. Uma sociedade infantilizada parece querer fugir de qualquer espiritualidade, recusar qualquer dimensão transcendental. Onde está, então, o Menino, a razão única desta efeméride, quer se acredite quer não, na sua divindade?

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Reflexão esparsa

Vale a pena ler...


A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres. Agora dizemos que Sócrates não serve. E o quevier depois de Sócrates também não servirá para nada. Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates. O problema está em nós. Nós como povo.Nós como matéria-prima de um país. Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais o que o euro. Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do queformar uma família baseada em valores e respeito aos demais. Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por umsó jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO. Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fossecorrecto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos... e para eles mesmos. Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram
\u003cbr\>comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de \n\u003cbr\>\u003cbr\>IRS para não pagar ou pagar menos impostos.\u003cbr\>\u003cbr\>Pertenço a um país onde a falta de pontualidade é um hábito. Onde os\u003cbr\>\u003cbr\>directores das empresas não valorizam o capital humano. Onde há pouco\u003cbr\>interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e depois \n\u003cbr\>\u003cbr\>reclamam do governo por não limpar os esgotos.\u003cbr\>\u003cbr\>\u003cbr\>\u003cbr\>Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros.\u003cbr\>\u003cbr\>Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é\u003cbr\>\u003cbr\>\n"muito chato ter que ler") e não há consciência nem memória política, \u003cbr\>\u003cbr\>histórica nem económica. Onde os nossos políticos trabalham dois dias por\u003cbr\>\u003cbr\>semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, \n\u003cbr\>\u003cbr\>arreliar a classe média e beneficiar a alguns.\u003cbr\>\u003cbr\>Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas\u003cbr\>\u003cbr\>podem ser "compradas", sem se fazer qualquer exame. Um país onde uma\u003cbr\>\n\u003cbr\>pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um \u003cbr\>\u003cbr\>inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada\u003cbr\>\u003cbr\>finge que dorme para não dar-lhe o lugar. Um país no qual a prioridade de \n\u003cbr\>\u003cbr\>passagem é para o carro e não para o peão. Um país onde fazemos muitas \u003cbr\>\u003cbr\>coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes.\u003cbr\>\u003cbr\>Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me \n\u003cbr\>\u003cbr\>sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de \u003cbr\>\u003cbr\>trânsito para não ser multado. Quanto mais digo o quanto o Cavaco é\u003cbr\>\u003cbr\>culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã \n\u003cbr\>\u003cbr\>explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas \u003cbr\>\u003cbr\>dívidas. Não. Não. Não. Já basta.\u003cbr\>\u003cbr\>\u003cbr\>\u003cbr\>Como "matéria-prima" de um país, temos muitas coisas boas, mas falta\u003cbr\>\u003cbr\>\nmuito para sermos os homens e as mulheres que nosso país precisa. Esses",1]
);
//-->
comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos.Pertenço a um país onde a falta de pontualidade é um hábito. Onde osdirectores das empresas não valorizam o capital humano. Onde há poucointeresse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam do governo por não limpar os esgotos.Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros.Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é"muito chato ter que ler") e não há consciência nem memória política, histórica nem económica. Onde os nossos políticos trabalham dois dias porsemana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar a alguns.Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicaspodem ser "compradas", sem se fazer qualquer exame. Um país onde umapessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentadafinge que dorme para não dar-lhe o lugar. Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão. Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes.Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado. Quanto mais digo o quanto o Cavaco éculpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas. Não. Não. Não. Já basta.Como "matéria-prima" de um país, temos muitas coisas boas, mas faltamuito para sermos os homens e as mulheres que nosso país precisa. Esses
\u003cbr\>defeitos, essa "CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA" congénita, essa\u003cbr\>\u003cbr\>desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até \n\u003cbr\>\u003cbr\>converter-se em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade \u003cbr\>\u003cbr\>humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e\u003cbr\>\u003cbr\>honestamente ruim, porque todos eles são portugueses como nós, ELEITOS POR \n\u003cbr\>\u003cbr\>NÓS. Nascidos aqui, não em outra parte...\u003cbr\>\u003cbr\>Fico triste. Porque, ainda que Sócrates fosse embora hoje mesmo, o próximo \u003cbr\>\u003cbr\>que o suceder terá que continuar trabalhando com a mesma matéria prima\u003cbr\>\u003cbr\>defeituosa que, como povo, somos nós mesmos. E não poderá fazer nada... \n\u003cbr\>\u003cbr\>Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto \u003cbr\>\u003cbr\>alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios\u003cbr\>\u003cbr\>que temos como povo, ninguém servirá. Nem serviu Santana, nem serviu \n\u003cbr\>\u003cbr\>Guterres, não serviu Cavaco, e nem serve Sócrates, nem servirá o que vier. \u003cbr\>\u003cbr\>Qual é a alternativa?\u003cbr\>\u003cbr\>Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a\u003cbr\>\u003cbr\>força e por meio do terror? Aqui faz falta outra coisa. \n\u003cbr\>\u003cbr\>E enquanto essa "outra coisa" não comece a surgir de baixo para cima, ou \u003cbr\>\u003cbr\>de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram,\u003cbr\>\u003cbr\>seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados....igualmente \n\u003cbr\>\u003cbr\>abusados!\u003cbr\>\u003cbr\>É muito bom ser português. Mas quando essa Portugalidade autóctone começa \u003cbr\>\u003cbr\>a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação,\u003cbr\>\u003cbr\>então tudo muda..\u003cbr\>\u003cbr\>Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um \n\u003cbr\>\u003cbr\>Messias.\u003cbr\>\u003cbr\>Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada \u003cbr\>\u003cbr\>poderá fazer. Está muito claro... Somos nós que temos que mudar. Sim,\u003cbr\>\u003cbr\>creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a nos acontecer: \n\u003cbr\>\u003cbr\>desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e \u003cbr\>\u003cbr\>francamente tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da",1]
);
//-->
defeitos, essa "CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA" congénita, essadesonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até converter-se em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real ehonestamente ruim, porque todos eles são portugueses como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não em outra parte...Fico triste. Porque, ainda que Sócrates fosse embora hoje mesmo, o próximo que o suceder terá que continuar trabalhando com a mesma matéria primadefeituosa que, como povo, somos nós mesmos. E não poderá fazer nada... Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os víciosque temos como povo, ninguém servirá. Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, e nem serve Sócrates, nem servirá o que vier. Qual é a alternativa?Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com aforça e por meio do terror? Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa "outra coisa" não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram,seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados....igualmente abusados!É muito bom ser português. Mas quando essa Portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação,então tudo muda..Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um Messias.Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer. Está muito claro... Somos nós que temos que mudar. Sim,creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a nos acontecer: desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e francamente tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da
\u003cbr\>estupidez. Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar o \n\u003cbr\>\u003cbr\>responsável, não para castigá-lo, senão para exigir-lhe (sim, exigir-lhe) \u003cbr\>\u003cbr\>que melhore seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido.\u003cbr\>\u003cbr\>Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO QUE O ENCONTRAREI QUANDO \n\u003cbr\>\u003cbr\>ME OLHAR NO ESPELHO.\u003cbr\>\u003cbr\>AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO EM OUTRO LADO. \u003cbr\>\u003cbr\>E você, o que pensa?.... MEDITE!\u003cbr\>\u003cbr\>\u003cbr\>EDUARDO PRADO COELHO\u003c/span\>\u003c/font\>\u003c/div\>\u003c/div\>\u003cbr\>\u003c/blockquote\>\u003c/blockquote\>\u003cbr\>\n\u003chr\>\nReceba as últimas notícias do Brasil e do mundo direto no seu Messenger! É GRÁTIS! \u003ca href\u003d\"http://alertas.br.msn.com/\" target\u003d\"_blank\" onclick\u003d\"return top.js.OpenExtLink(window,event,this)\"\>Assine já!\u003c/a\>\u003c/div\>\u003cbr clear\u003d\"all\"\>\n\u003cbr\>-- \u003cbr\>"Há Homens que lutam um dia, e são bons;\u003cbr\>Há Outros que lutam um ano, e são melhores;\u003cbr\>Há Aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons;\u003cbr\>Porém há Os que lutam toda a vida\u003cbr\>Estes são Os imprescindíveis"\n\u003cbr\>\u003cbr\>B. Brecht\u003cbr\>\u003cbr\>\u003ca href\u003d\"http://prasinal.blogspot.com/\" target\u003d\"_blank\" onclick\u003d\"return top.js.OpenExtLink(window,event,this)\"\>http://prasinal.blogspot.com/\u003c/a\>\u003cbr\>\u003cbr\>Poupe papel. Antes de imprimir esta mensagem de correio electrónico pense bem se tem mesmo de o fazer. Lembre-se de que há cada vez menos árvores. \n\u003cbr\>Don't waste paper. Please consider the environment before printing this mail. \n",0]
);
//-->
estupidez. Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar o responsável, não para castigá-lo, senão para exigir-lhe (sim, exigir-lhe) que melhore seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido.Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO.AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO EM OUTRO LADO. E você, o que pensa?.... MEDITE!

EDUARDO PRADO COELHO

Sim, vale a pena ler. E li.


É um texto muito interessante e difícil de engolir, enquanto português. Há várias perspectivas a considerar ou comentários a tecer.

- É um bom texto para dar o texto argumentativo: expressa as opiniões de um jornalista respeitado da nossa praça;

- os políticos podem não prestar, mas provêem do mesmo sítio. De todos nós, povo português, massa disforme, mais e menos culta, com mais e menos vícios.

- de facto, se precisássemos de um ditador, já o teríamos. Que tem sido Sócrates até ao momento, senão um grande implementador de políticas reformistas? Queiramos ou não, em Portugal é preciso uma maioria absoluta para governar. porque os políticos do centro não se entendem e vetam sempre consensos, acordos políticos. E há políticas que tem de ser feitas! Mas isso é claro. Posto isto, chamar ditador ao Sócrates é irrelevante. Mas outra coisa se impõe dizer: porque é Sócrates tão contestado (as suas políticas) por aqueles que o lá puseram? Afinal foi a tal maioria que o colocou à frente do país. Porque se queixam?? Eu começo a pensar que o Português não pensa como povo, como comunidade, mas pensa apenas naquilo que lhe convém mais. O Português não tem capela, tem capelinhas; e vai rezar à que mais lhe interessa, quando mais lhe interessa. E já agora, porquê o recurso batido e estafado à greve? Porque é que o Português só faz chinfrim quando lhe lesam a carteira. Isso demonstra um egoísmo horrível e hediondo. Um egoísmo sem saída e que é o papel químico da mentalidade do Português. A questão de mudar as mentalidades?...Mas a história das mentalidades é o que mais demora a mudar...E então em Portugal, país atávico e sem voz colectiva.

Ó, varrer o povo chaveiro e orgulhoso de carro à porta com uma saraivada de cultura, de limpeza cultural.

eu, eu ditador fiel, espalhar a educação como uma manta aquecedora que cobrisse todo um povo. Ilusões minhas decerto, ilusões de mudar Portugal.

Discutir os problemas na rádio


Eu oiço como nas rádios espanholas se discutem os maiores temas com a maior graça e seriedade conjugadas; discute-se o dia a dia e os problemas sérios e cruéis e quotidianos das pessoas; nas rádios portuguesas, uma chinfrineira musical contínua ocupa o espaço de discussão pública, ocupa o espaço destinado às palavras entaladas nas gargantas das pessoas, às seus desabafos, opiniões...Mas para isso era preciso ter radialistas à altura do pior radialista espanhol. radialistas que moderassem, conjugassem, opinassem, divertissem seriamente e orientassem as mentalidades, a mentalidade do Português e o esclarecessem. Vejo esse projecto cada vez mais acantonado. Vejo que as rádios só sabem dar música pífia, repetitiva e anestésica às pessoas, pois pertencem a grandes grupos socio-económicos que pouco ou nada querem saber das necessidades das pessoas, que pouco entendem e não querem entender os interesses nacionais. o único que lhes interessa é o do seu lucro e audiência. Como me desencanta, como me desagrada que os demais meios de comunicação sejam tão autistas nesta percepção das coisas: é como se estivessem deslocados, descentrados, sectorializados, não percebem os interesses da comunidade e não a servem nobremente. Ouça-se Carlos Paião na música "Telefonia nas ondas do Ar" e analise-se o que mudou. Pouco ou nada. É em vários casos piorou: faz-se publicidade a um livro ou a um CD não porque seja bom (e há análises - as recensões críticas - que podem ser feitas nesse sentido), mas porque a indústria que os quer vender pagou a essa rádio para fazer publicidade. E isto é também enganar o consumidor. E o consumidor precisa é de ser esclarecido, iluminado. Adorava estar em todas as esquinas de todas as ruas e em todas as lojas para dizer alarvemente: "Fraude, mentira, logro, fidelização do cliente, engano, borracheira noticiosa, publicidade enganosa, venda agressiva, extorsão, supérfluo"...

De facto, há que mudar as mentalidades e talvez os políticos mudem também.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Os malefícios da internet e a negligência das entidades competentes

Aveiro

Escola frequentada por jovens que planeavam suicídio em grupo está a funcionar normalmente
A escola EB 2,3 do Búzio, em Vale de Cambra, frequentada por alguns jovens que alegadamente estariam a ser incentivados por um site da Internet a automutilar-se até à morte, está hoje a funcionar normalmente



Apesar da aparente normalidade da situação na escola os colegas e professores daqueles alunos, contactados pela Lusa, escusaram-se a pronunciar-se sobre o caso.
Fonte do Conselho executivo da escola disse, no entanto, á Lusa que, durante a manhã, será divulgado um comunicado sobre a ocorrência.
A PSP de Aveiro anunciou terça-feira que teve conhecimento de que um grupo de menores, na casa dos 14 anos, residentes num concelho a Norte do distrito de Aveiro, foi supostamente incentivado, pelo conteúdo de um site da Internet, a praticar automutilação.
Segundo a PSP a tentativa terá acontecido parcialmente, em concreto pelo menos com um dos menores do grupo, e os objectivos finais passariam por um suicídio colectivo.
A PSP comunicou os referidos factos aos responsáveis pelos menores e às demais autoridades. Segundo notícias publicadas na imprensa de hoje, os jovens frequentavam na Internet o Orkut, uma rede social semelhante ao Hi5, ao MySpace ou ao Facebook.
Segundo o jornal Público, o jovem que alegadamente terá praticado automutilação parcial tem 14 anos e reside em Macinhata, Vale de Cambra.
Refere que o caso está já a ser acompanhado pela Comissão de Protecção de Crianças e Jovens em Risco e pelo Ministério Público.
O Público apurou que o jovem terá confidenciado, a uma amiga de Gaia, que se sentia deprimido e que estaria mesmo a pensar suicidar-se, juntamente com um outro jovem. A colega terá contado à mãe, que por sua vez, comunicou o caso à PSP de Aveiro.
O caso apanhou toda a comunidade local de surpresa, incluindo os professores da Escola Básica 2,3 de Búzio, em Vale de Cambra.

(jornal Sol)

sábado, 3 de novembro de 2007

"L'enfance", de Jacques Brel



Excertos da letra:

"Le coeur est plein, la tête est vide"

"L'enfance c'est encore le droit de rêver"

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Falar vernáculo a mentir

Metade dos portugueses considera que se fala demasiado em futebol neste país. Segundo a votação em curso neste blogue aqui à nossa direita.

Eu considero que se fala demasiado em futebol e que sofremos, enquanto sociedade, de macrocefalia futebólica. Mas nada do que eu disse é informativo, no sentido em que não é novo para ninguém. Big deal, diria um inglês!

Mas a minha reflexão vai mais fundo, vai mais dentro da brenha que é o próprio discurso através do qual o futebol se articula e se baseia para se construir enquanto espaço social de expressão das mais variadas paixões. Naquela perspectiva de Bourdieu. E que me agrada.

A minha teoria: falado até à saciedade, até ao paroxismo, o futebol e a linguagem com que este fenómeno social é construído tem de se reciclar periodicamente, sob pena de essa linguagem já não designar nada. É nesse sentido que entendo o "futebolês", uma linguagem de certa forma codificada e incompreensível - para os mais desatentos. Aquilo que se convencionou chamar de "futebolês" é a cristalização contínua de uma forma de afirmação e legitimização social, mas é sobretudo uma pele que continuamente muda e continuamente se substitui à pele velha, que são os vocábulos gastos e que já nada significam. Dizer "o guarda-redes afastou para canto" é igual a dizer "o guarda-redes defendeu". Mas dizer esta última frase é de uma banalidade insuportável para qualquer futebolómano, imagino eu. Então, o que o locutor diz (ele próprio um amante do futebol [pelos termos que usa, pelas informações que viabiliza e pela duração exagerada da notícia]) é a primeira frase ou outras que, dizendo o mesmo, tem outro sabor para quem ouve. No século XX, ninguém vai dizer de novo: "Amor é como o fogo", porque a comparação está batida por séculos e séculos de poetologia mais e menos barata. Por muito verdade que o amor seja verdadeiro fogo abrasador, passe o pleonasmo.

Porque o futebol é muito pensado em Portugal é que Portugal é hoje muitas vezes confundido ou pelo menos designado como sinónimo de futebol. (Por isso é que a nossa bandeira devia ser outra, a da Federação Portuguesa de Futebol) O erro do D. Afonso Henriques foi não ter aprendido a jogar futebol, senão ainda hoje era recordado. Saudosamente. Mas vejo que me perco no fio errático das palavras. Vou terminando...

O futebol é muito pensado e pouco jogado. É estranho que se discuta algo que é um mero desporto e não se fale das grandes questões do mundo e dos graves problemas com que Portugal se continua a debater. Entretanto, o futebol vai continuando a descascar e a deixar a pele morta pelos campos sevados de Aljubarrota. Qualquer dia, não lhe resta nada.

Ode rápida (mas intensa) para António Variações

este é um registo em estilo póstumo, como acontece com a maioria das coisas em Portugal.

António Variações é inapelavelmente um dos maiores autores da história da música portuguesa. Ouça-se o disco dos Humanos e rendam-se. Rendam-se todos os verdadeiros melómanos. Há uma música que se chama "gelado de Verão" e é tão singelamente bonita...

Desde a ternura, passando pela consciência da idade, falando sobre o amor, e abordando questões que, de universais, a todos interessam, Variações tem tudo o que faz um grande autor: boas músicas, esplêndidas letras e um temário universal...Só lhe falta uma coisa: a ampla divulgação e a o amplo e indiscutido reconhecimento. António Variações não morreu...

sábado, 20 de outubro de 2007

Na Guatemala vivem matando-se


Na Guatemala, sim; lá é que as pessoas sabem conviver, chama-se a isto "assassínios" democraticamente assistidos, ou será a democracia que está a ser assassinada? Estas notícias fazem-me pensar que nem a democracia está a salvo quando vigora a violência, o crime (organizado) e a impunidade. E que ainda há muita pobreza...E que provavelmente não há Deus que chegue para isto tudo...É este o estado do mundo e as utopias acabaram há muito.


Guatemala: 4.213 pessoas assassinadas entre Janeiro e Setembro deste ano

19 de Outubro de 2007, 23:22

Guatemala, 19 Out (Lusa) - Quatro mil duzentas e treze pessoas, entre as quais 429 mulheres e 253 menores de idade, foram assassinadas entre Janeiro e Setembro, denunciou hoje a Comissão da Mulher do parlamento guatemalteco.

As autoridades atribuem o aumento dos assassínios e da violência em geral a bandos juvenis, conhecidos por "maras", ao narcotráfico e aos grupos de crime organizado.

O relatório, apresentado pela presidente desta Comissão, Nineth Montenegro, do partido Encontro pela Guatemala, assinala que estes valores são superiores aos registados durante o mesmo período do ano passado.

Entre Janeiro e Setembro de 2006, morreram de forma violenta 3.648 homens, enquanto que no mesmo período deste ano se registaram mais 136 casos, num total de 3.784 mortes.

As mortes violentas de mulheres também aumentaram durante o mesmo período: nos primeiros nove meses de 2006, ocorreram 344 assassinatos e no mesmo período deste ano verificaram-se 429, ou seja, mais 85 casos.

Montenegro manifestou a sua preocupação pelo aumento de mortes entre crianças e jovens, mais 272 que em 2006.

Os dados do relatório, segundo a deputada, "fazem questionar a capacidade das instituições do Estado responsáveis por garantir a segurança da população e, particularmente, de sectores vulneráveis".

Acrescentou que a impunidade continua a ser um elemento promotor da violência, já que no caso das mulheres assassinadas este ano os tribunais apenas condenaram quatro vezes.

BZC.

Lusa/Fim

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Perros, os cantos permanecem silenciosos
Pelos campos, recolhendo impossíveis searas, meus braços se estendem
E sempre na hora afoita a voz se afunila, se esvai

Deve haver uma parede qualquer, um sonho invisível de tristeza, um véu límpido sobre os outros, que não descortino - porque não há as palavras certas, porque o parto é difícil.

Tópico tema assunto batido, agora sentido, quando as palavras não chegam onde não vai o coração
O ábaco silencioso dos dias a fazer as contas à vida e o recorte da realidade é perecível, ambíguo, fugaz...

terça-feira, 16 de outubro de 2007

A forma mais rápida de chegar ao céu ou toda a generosidade de Mozart



"Soave sia il vento", de "Cosí fan tute" - W. A. Mozart

A abertura de "Assim fazem todas", mas esta música só faz Mozart

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Conhecer, reconhecer Adriano Correia de Oliveira

Uma homenagem para redescobrir Adriano Correia de Oliveira


NUNO GALOPIM
Disco chega na semana que assinala os 25 anos da morte do cantor Em inícios da década de 60 foi o primeiro a levar às suas canções palavras incómodas para o regime, falando abertamente da Guerra Colonial. Foi voz para poemas, cantados, de Manuel Alegre e Manuel da Fonseca (e, pontualmente, de Fiama, Matilde Rosa Araújo ou António Gedeão). Com obra gravada entre 1960 e 1980, construiu uma das mais representativas carreiras "de intervenção" na história recente da música portuguesa. Morreu cedo, aos 40 anos, faz amanhã um quarto de século. E só talvez essa morte precoce explique porque, 25 anos depois, é voz quase esquecida, raras vezes passada na rádio, praticamente ignorada junto das mais novas gerações. Poderá um tributo fazer a diferença?

Certamente terá sido essa a ideia que levou a Movieplay (que detém o catálogo de Adriano Correia de Oliveira, tendo em 1994 reunido a sua integral numa caixa antológica de sete CD, Adriano: Obra Completa) a lançar o desafio. Henrique Amaro (da Antena 3) chamou músicos e bandas, entre os quais Ana Deus (com os Dead Combo), a reinventar Trova do Vento Que Passa, Nuno Prata (ex-Ornatos Violeta) em Fala do Homem Nascido, a fadista Raquel Tavares em Cantar para um Pastor ou Tim, vocalista dos Xutos & Pontapés, em Tejo Que Levas as Águas.

A canção como arma

Adriano Correia de Oliveira chegou a Coimbra, com 17 anos, para estudar Direito. Viva-se entre estudantes um tempo de tensão e, como descreve Manuel Alegre nas notas de Obra Completa, "um tempo de impulso e de pulsão, de mudança e mutação. (...) Ruíam tabus e mitos, levantavam--se barreiras, apertava-se a mordaça e reforçava-se a repressão, mas algo estava em marcha". Adriano dedicou algum do seu tempo a actividades nas organizações estudantis, entre as quais o Orfeão Académico, onde foi solista.

O fado de Coimbra foi a sua primeira fonte de referências, o que é documentado nos seus primeiros discos, entre 1960 e 62, que preparam terreno para uma etapa de renovação dessa canção (processo que, além de Adriano, envolveu figuras como as de José Afonso ou António Portugal).

Em 1963 gravou Trova do Vento Que Passa, sobre versos de Manuel Alegre, canção que, como mais tarde a Grândola de José Afonso, ganhou um poder emblemático. O poeta (e político) não só foi o autor mais cantado por Adriano Correia de Oliveira, como figura central de um dos três discos mais significativos da sua obra e fundamentais em qualquer discografia da música popular portuguesa: O Canto e as Armas, de 1969. Os outros títulos fundamentais de Adriano são Gente Daqui e De Agora, de 1971, com composições de José Niza, disco que expande horizontes musicais, desafio de certa maneira continuado em Que Nunca Mais (1975), já sob direcção musical de Fausto (e eleito em 1975 como disco do ano pela revista britânica Music Week). Figura ligada ao PCP, afastou-se do partido em ruptura, em 1981, levantando esse momento uma vaga de solidariedade entre diversos outros músicos de esquerda.

25 anos depois da sua morte, a voz de Adriano é memória guardada por quem viveu o seu tempo e o sentido das palavras que a sua música cantava. O tributo tenta, de certa forma, combater o esquecimento.

O prémio Nobel é bom. Mas não está isento de críticas...

ENTÃO SENHORES DO COMITÉ NOBEL PARA QUANDO ROTH OU RUSHDIE?


Leonídio Paulo Ferreira
jornalista
leonidio.ferreira@dn.pt
Confesso que nunca li nada de Doris Lessing. E por isso este Nobel da Literatura não me trouxe a secreta alegria de outros anos. Como em 2003, quando o vencedor foi J. M. Coetzee, um sul-africano que passei a admirar depois de ter lido Desgraça três anos antes. Ou, no ano passado, quando a escolha foi Orhan Pamuk, admirável tanto pela obra, como pela intervenção política, como ainda pela fantástica cidade onde nasceu, essa Istambul/Constantinopla a que dedicou o mais pessoal dos seus livros (Istanbul, Memories of a City, disponível em inglês e francês mas ainda não editado em Portugal).

Tirando o Nobel de Saramago em 1998, por causa do inevitável orgulho nacional, nunca, porém, tive tanta satisfação como com o prémio de V.S. Naipaul em 2001. Mesmo sabendo que a escolha desse britânico nascido nas Caraíbas e de origem indiana tinha muito que ver com o contexto do pós-11 de Setembro (a sua obra está cheia de críticas ao islão), deu gosto ver as livrarias a exporem nas montras Uma Casa para Mr. Biswas, que poucos meses antes se podia comprar em saldos de hipermercado por 500 escudos. Desde então, Sir Vidia ganhou leitores em Portugal, com vários livros editados, incluindo o polémico Para Além da Crença. E esse é um dos méritos do Nobel - ressuscitar autores. E também revelar nomes que as editoras não se tinham ainda dado ao trabalho de traduzir. Como o húngaro Imre Kertesz, o Nobel de 2002.

Neste século de Nobel (o primeiro foi atribuído em 1901 a Sully Prudhomme), cometeram-se também algumas injustiças e o prémio está longe de ser inquestionável. Nos primeiros anos houve sobrerrepresentação de escandinavos, depois a Guerra Fria trouxe a suspeita de motivações políticas nalgumas escolhas, mas sobretudo há nomes esquecidos por razões nunca entendidas. O irlandês James Joyce e o argentino Jorge Luís Borges são exemplos clássicos, relembrados sempre em Outubro, quando se pesa os méritos e desméritos da Academia Sueca e do seu prémio de 1,1 milhões de euros.

Em termos egoístas, há anos que espero a vitória de Philip Roth, que descobri através de Casei-me com um Comunista, mas cujos livros não políticos são ainda melhores. O americano Roth até surgia em 2007 como favorito, mas uma vez mais não aconteceu. Torço também por Salman Rushdie, que é muito mais que o autor do "blasfemo" Os Versículos Satânicos e quem tiver dúvidas que experimente ler o recente Shalimar o Palhaço. E não escondo que ficaria contente com um Nobel para o peruano Mário Vargas Llosa. Quanto a Lessing, talvez lhe dê agora uma oportunidade. Afinal, Coetzee acaba de a descrever como "uma das grandes romancistas visionárias do nosso tempo".

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

O professorado e as dezenas de milhares que o Estado formou e deixou à porta. Assumidamente.

O ano em que tudo mudou na carreira dos professores


PEDRO SOUSA TAVARES
Do Norte ao Sul do País, de uma gala internacional no Coliseu dos Recreios, iniciativa da Fenprof, às pequenas celebrações locais, os sindicatos mobilizam-se hoje para assinalar um Dia Mundial do Professor carregado de simbolismo. Talvez mais do que em qualquer outra altura no passado, 2007 caminha para ficar registado na história como o ano em que tudo mudou nesta profissão em Portugal . Para melhor ou para pior, só o futuro dirá.

De facto, as mudanças começaram em 2006, com os concursos nacionais do Ministério da Educação a colocarem pela primeira vez os professores por três anos. Mas ao que o Ministério definiu como a "estabilização" destes profissionais, seguiu--se uma nova fase, bem mais abrangente, de responsabilização.

O novo Estatuto da Carreira Docente, aprovado este ano pela tutela com a oposição dos sindicatos - e em em vias de ser regulamentado da mesma forma - mudou quase tudo na profissão. Desde logo, a própria organização da carreira.

Onde havia 10 escalões, de progressão pouco mais do que automática, passa a haver seis, em que a evolução depende de um complexo sistema de avaliação - onde cabem critérios como o desempenho dos alunos - , e em que há quotas para a ecolha dos melhores, numa escala que vai do insuficiente ao excelente.

Onde antes havia uma única profissão, passa a haver duas categorias: o professor e o professor titular. Esta última,cujo acesso também está sujeito a quotas (30%) reserva o acesso aos salários mais altos e aos cargos de coordenação. Os primeiros 32 600 "eleitos" foram já escolhidos, num concurso marcado por duras críticas da Provedoria de Justiça.

Mas o maior desafio para os professores está no início da carreira. Não apenas devido à introdução de três provas de ingresso, todas elas com a nota mínima de 14 valores, mas sobretudo pelo assumido fechar de portas a novas contratações. Uma medida justificada pela quebra do número de alunos nas últimas décadas, apesar dos sinais de retoma. Mas arriscada, por ameaçar afastar da docência muitos dos que poderiam assegurar a sua qualidade no futuro.|

Retirado do Diário de Notícias de 5 de Outubro

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Desporto nacional muito apreciado ou quando a vida é um desespero anestesiante

Homem colhido por comboio na linha da Beira

Um homem de 78 anos morreu ontem trucidado por um comboio na linha ferroviária da Beira Alta, perto de Contenças, no concelho de Mangualde, obrigando ao corte da via durante um período da tarde.

O acidente deu-se às 12.50 e obrigou ao corte da linha ferroviária até perto das 16.00, altura em que a Refer terminou os trabalhos de desobstrução da via.

O corpo da vítima foi transportado para o Instituto de Medicina Legal de Viseu onde será hoje autopsiado. A GNR está a proceder a diligências para apurar o sucedido já que de acordo com uma testemunha o homem terá "esperado de cócoras que o comboio passasse. Aparentemente parece tratar-se de suicídio", disse ao DN fonte desta força. O homem era residente em Contenças e de acordo com fonte dos bombeiros "a família esteve no local para identificar a vítima mas não adiantou pormenores". Este é o segundo acidente no género na linha da Beira Alta, depois de uma mulher ter sido colhida por um comboio na mesma linha na passada sexta-feira.| - A.A., Viseu

no DN de 28 de Setembro

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Registar e meditar


Um aluno meu de Inglês, depois da turma ter, para consolidação de conhecimentos, jogado ao bingo: "Não ganhei o jogo, mas ganhei em alegria."

sábado, 22 de setembro de 2007

Desequilíbrio

Eu quero comentar, acidular em espírito crítico as verdades estabelecidas, os dogmas invencidos; quero descortinar para lá dos factos aparentes e chegar ao númeno,
quero instabilizar a própria certeza de ter certezas
e abrir uma brecha no desconhecido mundo do desconhecimento;
vou querer desempoleirar quadros instalados, verdades válidas para hoje, poemas inconstantes;
Vou querer escalar a montanha das certezas decoradas, pôr o Outro em sobressalto, no desequilíbrio de não haver apoio.

Vou contestar na certeza de criar, inventar, popularizar um novo conhecimento
Vou libertar a crítica e assestar o espírito nas mais infames mentiras, nas mais absurdas percepções, nos preconceitos engordados pela ignorância e pela anestesia cerebral

Fui!

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Family Guy: uma série absolutamente nefasta a não perder


Há uns desenhos animados que passam na radical e que são bueda malucos e transgressores: uma delícia autêntica. Passa-se na América, mas os paralelismos são flagrantes: um filho que detesta a mãe passa o tempo ou a fugir dela (traumatizado infantil) ou a tentar matricidizá-la. Descobre que tem inclinações sado-maso e implora que a mãe o desanque e lhe pise os... Enfim, esta série é uma "maravilha fatal da nossa idade". Já a mãe é um personagem magnífica no que de desinteressante tem a humanidade para nos ofertar: assume um papel familiar negligente e tem a mesma mentalidade que o cão da casa: este fala e diverte-se com a morte dos familiares (um avô, um tio que morra). O pater familias desta família é um must: gordo quanto baste e bebedolas, faz que aceita todos os conselhos, menos aqueles que lhe permitiriam ser mais magro (nota breve: fuma crack). O filho (outro) segue-lhe as barrigadas e a filha, que vive alheia ao seio familial, não se coibe de chamar os mais nefandos nomes à mãe. A série chama-se Family Guy e é a mais completa javardeira crítica que vi à América dos dias que correm. Inclusive, para nossa delícia, há uma cena em que a Madre Teresa está com uma bruta "oudi" (O.D - overdose) e os amigos no carro, parados em frente ao hospital, só dizem: "Dump her, dump her" e vemos a mulher ser atirada para o passeio! Não é de morrer a rir?

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Frase avulsa por interstícios de não ser. Para descodificar

"Para ser crente é preciso muita criatividade. Para ser ateu basta respirar as árvores, no meio da natureza."

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Avaliação de professores


Fenprof rejeita possibilidade de acordo

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) rejeitou a possibilidade de estabelecer qualquer acordo com a tutela relativamente à avaliação de desempenho dos docentes

No final da segunda reunião negocial sobre esta matéria, a federação sindical considera «inultrapassável o desacordo» existente com o Ministério da Educação (ME), alegando que as quotas que condicionam as classificações constituem «um factor de distorção e perversão de qualquer modelo de avaliação».

Em Julho, o ME entregou aos sindicatos uma proposta de regulamentação do Estatuto da Carreira Docente relativamente a esta matéria, segundo a qual as notas dos alunos de cada docente e a sua comparação com os resultados médios dos estudantes da mesma escola constituem um dos factores determinantes da avaliação de desempenho dos professores.

De acordo com o documento, o processo de avaliação deverá ocorrer de dois em dois anos e abranger todos os professores, incluindo os que estão em período probatório, sendo decisivo para a progressão na carreira.

Segundo a Fenprof, o Ministério classifica a definição de quotas como «uma questão essencial, uma opção fundamental e a única forma de garantir a diferenciação», pelo que não há qualquer possibilidade de chegar a um entendimento.

«Mais cínica ainda é a consideração pelos responsáveis ministeriais de que as quotas estabelecidas de 5 por cento para o Excelente e de 20 por cento para o Muito Bom até são generosas», acusa a federação, afecta à CGTP, adiantando que «é praticamente nula» a abertura da tutela relativamente ao conteúdo da proposta apresentada, sendo «mínimas» as margens de negociação.

Em comunicado, a Fenprof lamenta ainda que o ME não tenha ainda entregue aos sindicatos as fichas de autoavaliação e de avaliação que terão de ser preenchidas pelos órgãos de gestão das escolas relativamente a cada docente, apesar de faltar apenas uma reunião negocial sobre este assunto, agendada para a próxima segunda-feira.

«Perante esta intransigência do ME em torno das regras de avaliação que quer impor, a Fenprof não encontra outra alternativa que não seja o envolvimento dos professores na luta contra mais este atentado à função docente e à sua natureza. Nesse sentido, promoverá, a partir da próxima semana, um período de esclarecimento e debate com os professores, nas escolas, em torno desta questão», refere.

A proposta da tutela prevê que cada docente terá de elaborar uma ficha de autoavaliação, especificando as notas que atribuiu aos seus alunos em cada um dos anos lectivos em análise, a diferença para os resultados que os mesmos obtiveram em exames nacionais ou provas de aferição e a comparação com a média de classificações dos estudantes do mesmo ano de escolaridade e disciplina, na sua escola.

A ficha de autoavaliação é um dos elementos do processo, a que se junta a avaliação efectuada pelos superiores hierárquicos, nomeadamente o conselho executivo e o coordenador do departamento ou do conselho de docentes.

A relação pedagógica com os alunos é outro dos factores, que será aferido pela observação de, pelo menos, três aulas dadas pelo professor avaliado, por ano escolar.

O nível de assiduidade, a participação em projectos e actividades, a frequência de acções de formação contínua e o exercício de cargos de coordenação e supervisão pedagógica são outros dos elementos da avaliação de desempenho.

Já a apreciação dos pais e encarregados de educação só poderá ser tida em conta pelos avaliadores mediante a concordância do professor, sendo promovida de acordo com o que estipular o regulamento interno das escolas.

A ponderação dada a cada factor não foi, no entanto, especificada até ao momento pelo ME, sendo definida posteriormente, num despacho próprio.

Lusa/SOL

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Alunos mais qualificados ( e mais educados) é o que se quere!

Parece que a escolaridade obrigatória será alargada até ao 12.º ano. Desta forma, os alunos serão obrigados a permanecer na escola durante mais tempo. Que medida sádica e que beleza. Estuda, idiota! estuda! Leia-se a notícia.

sábado, 8 de setembro de 2007

Post desconexo e importante a roçar a vulgaridade (é o assunto que o exige)

Premissa: Estou-me perfeitamente a borrifar para o futebol

Tese: Portugal não existe, sem o futebol, como projecto colectivo
("o que é isso? projecto colectivo?")

Constatação: O desporto do futebol ocupa, de forma anormal, uma posição macrocéfala na estrutura socio-cultural portuguesa

Dúvida: Haverá (ainda) estrutura socio-cultural portuguesa?
Dúvida: Haverá verdadeiros ideais para lá do bem-estar liberalistóide e individualista?

Desejo: que a borracheira e anestesia chamada futebol tenham menos projecção nos meios de comunicação social portugueses, que são a única forma de espaço social para o debate das ideias. Por isso, é que se diz que só existe o que passa na televisão. Por isso é que somos o país que somos.

A borracheira nefanda de conteúdos ligados ao futebol que ocupa o horário televisivo é um desnorte relativo aos deveres públicos da estação pública. Sujeitar a RTP aos interesses de lobbyes instalados é revelar uma verdadeira inépcia para uma programação televisiva equilibrada e que não se torne refém desta ou daquela capelinha. Dizer que há "futebol de interesse nacional" poderá ter alguma verdade, mas tornar este desporto na rainha do destino português (que ninguém sabe já qual foi ou será) é um caso de profundo mau-gosto e de falta de visão cultural e política. porque é a cultura que eleva os povos e os faz admirados pelos outros, não as borracheiras desportivas desequilibradas. porque, para lá do desporto, há a Vida.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Equações lusas - estilo acintoso

homem português - carro = ninguém;

homem português - futebol = maricas;

homem português + educação = milagre;

mulher portuguesa + mulheres portuguesas = galinheiro;

homem português + bar + homens portugueses = futebol (ou porrada);

homem português + política = desastre;

homem português + livros = curto-circuito;

TV + audiência = telelixo;

(homem português - telelixo) x educação = felicidade...

Portugal - Euro2004 = nada «=» Portugal = Euro2004 + nada ?


Quem quer continuar...?

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Reliquiae nostrae: Peso da Régua








(imagens tiradas da Internet, como não)


A Régua pertence ao distrito de Vila Real e é uma cidade encantadora. Parada no tempo, mas por isso mais bela e secreta. Entre a serra e o rio (Douro), Peso da Régua tem mais encanto: batida pelo Sol, a cidade espelha-se com simplicidade no plácido e majestoso Douro. As esplendorosas e verdes montanhas que a cercam, sempre cultivadas de vinha, sempre arrumadas, emolduram em retrato eterno este pequeno tesouro, entre outros, que é Peso da Régua. Mas elogiar a paisagem da Régua é elogiar pouco. Afinal todo o percurso do Douro e todas os lugares que o abraçam são simplesmente belos.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Breve síntese da minha lavra

"Todas as análises são subjectivas:
as análises objectivas são-no à sua maneira."


Esta frase poderia ser o início de um romance, mas não é. É o modo de eu dizer que também vou encetar uma análise ao recente concurso para preenchimento de necessidades residuais de professores de 2007. Estas necessidades residuais do sistema (de ensino), como o próprio nome indica, servem para colmatar falhas mais ou menos pontuais que se verifiquem durante o triénio que dura cada "grande" concurso plurianual (o primeiro já se iniciou em 2006-2007; o segundo iniciar-se-á em 2009-2010), no qual os professores se mantêm grosso modo na mesma escola. Ora, tendo em conta aquela cronologia, este 2007 foi ano de preenchimento de necessidades residuais, ou seja, ano de reajustamentos que se podem considerar mínimos, pois como se disse ou depreende do que foi dito antes, a maioria das vagas no ensino está preenchida.

"As listas de colocação" destas “necessidades residuais” saíram no dia 31 de Agosto e põem a nu uma série de factos que no mínimo deixam bastante aborrecido um/a professor/a (mormente se de línguas e literaturas for) que se tenha formado nos anos mais recentes. No campo das línguas, apenas o grupo de recrutamento de Espanhol conseguiu horários completos (os únicos que foram disponibilizados, de resto, para serem preenchidos); as restantes línguas (desde logo o Português, mas também o Latim/Grego, o Francês e o Inglês) conseguiram a magna proeza de não disponibilizarem um só horário para necessidades residuais. Resultado: 0 professores de Português, de Latim/Grego, de Francês, e de Inglês foram colocados / contratados (neste texto falo especificamente do concurso de contratação). No grupo de recrutamento de Filosofia, o recurso a contratados foi mínimo, com cerca de 20 professores a serem chamados em todo o país, e nas restantes disciplinas poder-se-á dizer que o panorama não foi tão aflitivo como no campo das línguas. Ainda assim, e segundo a “breve síntese” desassombradamente disponibilizada pelo Ministério da Educação, 48.958 dos 55.365 professores em concurso não foram colocados (contando com os três tipos de concurso que decorreram neste 2007: DACL, Afectação e Contratação). Esses números dão bem a dimensão do excedente de profissionais do ensino que o “sistema” criou ou, ao menos, favoreceu.

Por outro lado, são vários os factores que apontam para que esse excedente de diplomados não venha a ser escoado em breve tempo. Simplesmente terá que esperar, quê?, talvez uma década para que o sistema os venha a solicitar:

- não foram disponibilizados horários incompletos pela tutela: serão assegurados por docentes em exercícios nas escolas, com vista à rentabilização dos recursos;

- o número de professores que “saem do Ensino”, que se reformam, constitui uma percentagem mínima do conjunto dos professores em exercício, pelo que tal número tem ínfimas consequências no grande excedente criado;

- não se prevê que a taxa de natalidade cresça de forma tal que seja necessário solicitar um maior número de professores; antes pelo contrário, sabemos que nascem menos crianças em Portugal;

- A declaração expressa da ministra, em entrevista à SIC no dia 3 de Setembro, de que o Ministério da Educação não necessita de mais professores (e é ela que estará no governo por uns previsíveis oito anos).


Todos estes factos e factores exarados levam à conclusão de que um gordo número de professores se vê e verá impedido, durante bons largos anos, de exercer o magistério no Ensino Público de Portugal. Aliás, a divulgação no site da DGRHE quanto ao número de diplomados não solicitados pelo sistema é disso claro sinal.

Um olhar sobre a infância e a terra natal


Eu e a aldeia - de Marc Chagall

Reproduzam-se, suas doidas! A Escola precisa de vocês!

Natalidade: Novos apoios para grávidas publicados hoje em Diário da República

5 de Setembro de 2007, 11:38

Lisboa, 05 Set (Lusa) - As grávidas portuguesas contam a partir de Outubro com novos apoios financeiros ao abrigo dos novos incentivos à família e à natalidade, cujo diploma foi hoje publicado em Diário da República.

Apesar de o diploma entrar em vigor a 01 de Outubro, o abono de família para as grávidas depois da 12º semana de gestação tem efeitos retroactivos a 01 de Setembro para as gravidezes já em curso e, assim, as mulheres passarão a ter direito a seis meses de apoio financeiro adicional.

O montante deste abono de família pré-natal é igual ao abono de família para crianças nos primeiros 12 meses de vida.

No caso do 1º escalão de rendimentos, o abono mensal será de 130,62 euros, enquanto no escalão máximo, o abono é de 32,28 euros mensais, segundo a portaria 1299 de 2003.

Têm direito a este abono todas as grávidas que apresentem prova de gravidez após as 12 semanas, mediante certificação médica, e cujo rendimento do agregado familiar seja inferior ao valor máximo do escalão de rendimentos.

O diploma hoje publicado em Diário da República consagra ainda novos apoios para os segundos e terceiros filhos.

Assim, o abono de família será duplicado no caso do segundo filho e triplicado no caso de um terceiro descendente, quando as crianças tiverem entre os 12 e os 36 meses de vida.

Segundo os escalões actuais, a maior prestação de apoio é dada às famílias cujo rendimento mensal seja inferior a 198,93 euros.

Estas medidas foram anunciadas pelo primeiro-ministro em Julho, no Parlamento, como forma de combater o decréscimo da taxa de natalidade.

Os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística revelaram que nos últimos 20 anos Portugal passou de uma média de 12,2 para 10 crianças por cada mil habitantes.

O número médio de filhos por mulher em idade fértil passou de 1,41 em 1995 para 1,36 em 2006.

ARP

Lusa/fim

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Aí estão os futuros atletas chineses...Parabéns!

Sonhos olímpicos, pesadelos reais...

Esta foto publicada no jornal O Público, tocou-me particularmente, pela "violência", pelo desrespeito dos direitos das crianças, enfim, porque também tenho um filho e gosto de vê-lo feliz. Tratam-se de crianças chinesas a treinar na Universidade de Desportos de Xangai , com o objectivo de um dia chegarem aos Jogos Olímpicos. Os meninos que aparecem nesta foto têm que ficar suspensos na barra durante cinco minutos. Esta universidade ou fábrica de atletas, onde o lema deve ser "o sucesso a qualquer preço", vangloria-se de criar atletas de alto rendimento, embora não divulgue os métodos e estratégias utilizadas. Obrigar crianças de 5 ou 6 anos a um esforço supremo, onde a brutalidade, o esforço e o sofrimento são obrigatoriamente substituídos pelos brinquedos, levou-me a ver alguns atletas e o próprio desporto com outros olhos.

Foto: Nir Elias/Reuters (07-08-2007)

Não é novidade para ninguém que a China desrespeita a liberdade, a democracia e os próprios direitos humanos. Mesmo assim parece-me mais lamentável a passividade do mundo Ocidental, que é cúmplice de todo o tipo de atrocidades praticadas naquele país. Os progressos ao nível dos direitos humanos que a China se comprometeu a rever e a defender como contrapartida proposta pelo Comité Olímpico continuam a ser uma miragem, no entanto eles vão realizar os Jogos Olímpicos.

Na verdade o desporto já não é o que era. Sem nos apercebermos, os ideais de competição saudável e de algum nacionalismo, foram substituídos por interesses políticos e macroeconómicos, em que vale tudo para subir ao pódio ...

No próximo ano, quando estiverem sentados no sofá ou na esplanada a ver os ditos jogos lembrem-se desta imagem. Lembrem-se de muitas infâncias roubadas em nome da vã glória de uma medalha e do hastear de uma bandeira. Imaginem os muitos trabalhadores que foram explorados ou "escravizados" na construção dos estádios e infra-estuturas , galácticas, onde se realizarão as Olimpíadas.


(do blogue "Sergivs Aeminiensis")

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Uma medida deste teor só revela as concepções que o Ministério tem do sistema de ensino e a confiança que nele deposita, mesmo a nível universitário..



O Estatuto da Carreira Docente exige que os futuros professores façam uma prova de ingresso na profissão. Na proposta de portaria que regulamenta o estatuto, o Governo é claro: os erros gramaticais, as más construções frásicas e uma maior dificuldade em falar em público ou expor ideias vão fechar as portas do ensino aos jovens licenciados. O documento estipula que, mesmo depois de cinco anos de universidade e o grau de mestre conferido em instituições cujos cursos são reconhecidos pelo Ministério da Ciência e Ensino Superior, os professores sejam avaliados com três exames distintos.A primeira componente do exame escrito, de duas horas, vai testar os conhecimentos de Português dos candidatos a professores. “O domínio escrito da língua portuguesa, tanto do ponto de vista da morfologia e da sintaxe, como no da clareza da exposição e organização de ideias” são essenciais para pôr à prova os docentes, a par da “capacidade de raciocínio lógico”. Este exame é comum a todos os candidatos. Na portaria, enviada aos sindicatos e que vai estar em discussão durante este mês, o Governo só não deixa claro se a avaliação também incide sobre erros ortográficos.

Numa segunda prova escrita, específica para cada área de ensino, o ministério quer “avaliar conhecimentos de ordem científicas e tecnológica” que atestem as competências dos licenciados. Numa vertente mais prática, o terceiro exame é oral e quer pôr à prova “o domínio de línguas, das ciências experimentais, das tecnologias de informação e das expressões”. Ou seja, quer-se avaliar a postura do candidato, a forma como fala, os erros linguísticos que comete e a forma como lida com as novas tecnologias.

Os sindicatos temem que, com os nervos, os candidatos cedam e percam a oportunidade de aceder à carreira. O docente é obrigado a obter um mínimo de 14 valores em cada um dos exames. Se falhar, repete a prova no ano seguinte, até um máximo de três tentativas.

AVALIAÇÃO É FEITA POR MAIS EXPERIENTES

O candidato a professor pode pedir reapreciação da prova, mas apenas pode fundamentar o recurso apoiando-se na “discordância na aplicação dos critérios de classificação” e na “existência de vício processual”. Qualquer outro tipo de fundamentações serão liminarmente excluídas. Uma questão que a portaria deixa em aberto prende-se com os requisitos exigidos aos professores que vão avaliar e corrigir os candidatos à docência. O secretário de Estado Jorge Pedreira confirmou ao CM que a escolha será “baseada na experiência”, sem contudo avançar com um número mínimo de anos de ensino. No concurso de colocação de professores deste ano ficaram de fora 45 mil dos candidatos à contratação. Os sindicatos estimam que cerca de 13 mil professores que deram aulas em 2006 não ficaram colocados.

Diana Ramos (Correio da Manhã)

Sobre Portugal

O QUE FALTA PARA SAIR DA CRISE
João César das Neves
professor universitário

naohaalmocosgratis@fcee.ucp..pt

A base da crise portuguesa não é económica, social, financeira. Estes problemas, apesar de atraírem muita atenção, são laterais ao drama central, que é cultural. Vivemos um grave problema cultural, que não é a lamentada tradição lusitana ou a triste decadência do Ocidente, mas algo muito mais prosaico: o País está desanimado e a causa é fácil de descrever.O Antigo Regime apostava tudo na identidade nacional. Propósitos do sistema e linhas de orientação eram bem claras e repetidas. Após 1974 os anos da revolução tiveram, também eles, um marcante programa cultural, se bem que turbulento e ambíguo. Depois do consenso salazarista, foram tempos de intenso debate ideológico. Nos anos 80, com a sociedade pacificada e o regime estabilizado, um novo acontecimento veio trazer outro vector dinâmico: o exigente desafio da adesão europeia empenhou todo o tecido nacional no compromisso do desenvolvimento e da eficácia. Deste modo, com Salazar, Soares e Cavaco, Portugal viveu sob motivações diversas, contraditórias até, mas sempre claras e evidentes.Assegurada a participação habitual na Europa, António Guterres ensaiou uma nova matriz. Vencida a ameaça económica, a sua proposta era um país abastado mas solidário, confortável e compassivo. Apesar das fortes diferenças, o esqueleto do modelo era o de Marcello Caetano. Após breve Primavera, falhou igualmente.No essencial o diagnóstico guterrista era correcto. Portugal já é um país rico, influente, equilibrado. A economia cresce e atrai imigrantes, a rede social é abrangente e sólida. Mas nos dias de hoje a complacência não consegue manter credibilidade, porque as expectativas ultrapassam sempre os sucessos. A Primavera guterrista tinha de durar pouco. A inversão do ciclo e os deslizes orçamentais minaram a confiança, enquanto a globalização empilhava ameaças.Perdida a orientação, começou a crise. Os governos de Barroso e Sócrates têm a profundidade cultural de uma repartição de finanças e, no meio de relativo conforto e dinamismo produtivo, Portugal vive um clima de depressão emocional. Qualquer que seja a conjuntura ouve-se a nostalgia saloia e os lamentos fadistas da desgraça nacional. O PIB até pode acelerar, mas pululam as tradicionais aves agoirentas que se deliciam em criticar a miséria incurável "deste país".Uma crise cultural é sempre reforçada por consequências éticas, e por cá esses sintomas são claros. A desmoralização nacional é também uma queda de padrões morais. Repete-se que o Estado não é pessoa de bem, enquanto a imprensa nos bombardeia com abusos e misérias. Os escândalos da Casa Pia, os casos de corrupção autárquica e futebolística juntam- -se à lentidão da Justiça e ao sentido de impunidade. Correm boatos de favores e negociatas. Até o sucesso empresarial vem inquinado pela sensação de oportunismo e injustiça. Tudo contribui para o clima geral de depressão.Entretanto, sem entender a situação e confiando na verdade do diagnóstico estatístico, a política insiste nos problemas laterais. As autoridades acreditam mesmo na ilusória viabilidade do ideal caetano-guterrista, se a economia funcionar. Enquanto apostam tudo num inglório esforço tecnológico-produtivo, vão enfraquecendo os pilares da estrutura civilizacional.Todos os pólos culturais da sociedade portuguesa estão a dar sinal de alarme. Ataca-se a família como obsoleta e ridícula. A escola passou de veículo ideológico a burocracia rotineira e reivindicante. Artes e espectáculos são minadas pelo clientelismo e tolice. Tenta-se controlar a comunicação social, a qual se rende ao populismo boçal. A perseguição surda à Igreja já levou a uma queixa inusitada da Conferência Episcopal.Assim, mesmo que as reformas funcionem e a economia melhore, o País permanece desmoralizado. Do que Portugal precisa, antes de tudo, não é crescimento e investimento, tecnologia e emprego. Precisa de algo mais precioso: uma ideia, um projecto, um objectivo que empolgue e convença. Algo em que acreditar. Portugal até tem progresso. Precisa de fé.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Que grande canção!

terça-feira, 28 de agosto de 2007

PARABÉNS, NÉLSON ÉVORA!


PARABÉNS!

Quem se pode eximir de dar os Parabéns ao nosso jovem atleta Nélson Évora que triunfou sobre a forte concorrência e atingiu o cume mundial da sua especialidade, o triplo salto? Foi com a marca de 17m74cm que o jovem de 23 anos se abalançou ao dourado título mundial, em Osaka, Japão, durante os Campeonatos do Mundo de Atletismo, que se realizam de 2 em 2 anos.

Quem se está a redimir do desaire nos 100m é Obikwelu. O atleta de origem nigeriana fora desclassificado, pois incorreu no erro de uma falsa partida, depois de um outro o ter já feito. Obikwelu viu-se assim impedido de prosseguir nas qualificações. Agora, nos 200m, o atleta português já se encontra qualificado para as semi-finais. Arnaldo Abrantes, que corria também nesta prova, apurou-se para a segunda ronda, o que de certa forma constituiu uma surpresa na selecção portuguesa de atletismo. O jovem de apenas 20 anos bateu a sua marca pessoal e quase que era apurado para as meias finais desta especialidade, pois cortou a meta em 5.º lugar, sendo que os 4 primeiros a fazê-lo seriam apurados. Os meus sinceros parabéns também a este muito jovem atleta que se superou a si mesmo.

Naide Agomes, por seu lado, terminou a final do salto em comprimento em 4.º lugar, tendo as russas arrebatado o pódio por completo. Durante a maior parte do tempo da final, a portuguesa manteve-se na segunda posição, mas no último ensaio duas atletas russas saltaram mais, saltando assim para as 2.ª e 3.ª posições. Os meus parabéns também a uma brava Naide Gomes.

sábado, 25 de agosto de 2007

Bons ventos e melhores casamentos: famílias mudam-se para Espanha.

O XVII Governo Constitucional acaba de promulgar um novo Decreto-Lei no qual prevê a construção de um único distrito escolar em Vila de Rei, centro geográfico de Portugal, para onde hão-de convergir todos os alunos em idade escolar.

Numa clara tentativa de rentabilizar os recursos humanos que possui, o Ministério da Educação decidiu-se pela escola mínima e vai obrigar todos os alunos a deslocarem-se a Vila de Rei para terem a sua DDR (dose diária recomendada) de educação. Para isso reconverter-se-ão alguns edifícios já existentes naquela localidade, enquanto outros serão construídos de raíz.

Quem já demonstrou o seu desagrado por esta notícia foram os encarregados de educação dos alunos – nomeadamente os das regiões do Minho e do Algarve – que ficam agora obrigados a fazer uns quilómetros adicionais para ir pôr a sua prole na única escola do país que lhes está destinada.

Já em Vila de Rei, a população está muito esperançada com esta medida, pois, nas palavras do senhor Luís Picanço, jogador de dominó a tempo inteiro e edil nas horas vagas, "irá trazer muitos recursos e desenvolver a região".

A ministra já veio agradecer a disponibilidade daquele município e reafirmar, por outro lado, a boa vontade das famílias das nossas crianças e jovens, considerando que “tudo correrá pelo melhor”. Tendo em conta a considerável redução no número de vagas no concurso de professores, Maria de Lurdes Rodrigues já tem prevista uma medida que bem poderá tornar-se no novo desporto nacional. Assim, e nas suas palavras: “Emigrem.”

Esta já era uma medida aguardada pelos sindicatos de professores há algum tempo, tendo em conta que a taxa de natalidade desceu pelo 5.º ano consecutivo, pelo que havia escolas com turmas de poucos alunos. Joaquim Robespierre, chefe das hordas sindicais, acusou de inconstitucional a proposta do governo e prometeu já uma série de acções contra o decreto.

Em Vila de Rei, para onde já se dirigiram empresários na área da hotelaria e da construção civil, serão criadas super-turmas com mais de 100 alunos cada, onde, para se entenderem, todos falarão em inglês recém-aprendido. Espera-se, assim, que os alunos possam desenvolver plenamente as suas competências. Existe a convicção por parte do ministério que, se forem dadas as condições adequadas, todos sairão vitoriosos desta verdadeira paixão que é a educação.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

A javardeira geral continua

Continua a verificar-se um verdadeiro alarde javardeiro em volta do caso McCann. Os meios de comunicação em geral não têm notícias para dar; o que noticiam então? Conjecturas, sugestões, propostas, possíveis mentiras, isto é, uma verdadeira javardeira noticiosa sem conteúdo nem sentido. Audiência, a quanto obrigas!

E um país como o nosso que precisava tanto de ser educado... orientado... A televisão não tem ainda incutida essa preocupação de ajudar o país, antes se serve dele, desorientando-o, desnoticiando-o.

Atenção ao ténis e ao atletismo, gente!!

Para dizer que esta sexta-feira começam já os chamados Mundiais de Atletismo. Realizam-se de dois em dois anos e são só o segundo certame mais importante do Atletismo, a seguir aos todo cobiçados Jogos Olímpicos (já para o ano em Pequim). Os Mundiais de 2007 vão realizar-se em Osaka, Japão e contam com a presença de muitas figuras de proa do atletismo português como Alberto Chaíça e Luís Feiteira (na maratona), Rui Silva (1500 m), Obikwelu (100 e 200 m), Naide Gomes (salto em comprimento), Nelsón Évora (triplo salto) ou Susana Feitor (nos 20 Km de marcha)...

No campo do ténis, está à porta o Open dos Estados Unidos, o último Grand Slam da época. Começa no dia 26 de Agosto mais um ataque à liderança quase indisputada de Roger Federer, que irá defender em Flushing Meadows o título conquistado no ano passado, ele próprio já uma revalidação das duas épocas anteriores. Os grandes opositores que se perfilam são Rafael Nadal e Novak Djokovic e é bem provável que um destes vença, pois Federer não se tem encontrado tão forte esta época como estava na precedente. Lembre-se, contudo, que Federer conquistou já dois dos três Grand Slams da presente época. Vença quem vencer, espera-se muito e bom ténis.


quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Poema ecológico (chave do mistério)

Quando os carros voarem, o homem português ficará nu, como um rei.
E a vida agreste e natural ficará livre.
Se os carros voassem, a vida social talvez se reconvertesse e ficasse mais igual.
Quando os carros voarem, não ficaremos pobres, ficaremos como reis da natureza...purificados para nossos irmãos e filhos espirituais.
Mas, em Portugal, os carros ainda não voam.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

A música, a voz e o vídeo

A série televisiva "Erva": estar na corda bamba


A série televisiva "Erva" já vai no 4.º episódio e é um grande texto argumentativo sobre um tema: as (várias) drogas.

Nancy Botwin, após a morte do marido, tem que sustentar a família e, não tendo trabalho, decide começar a vender droga, apesar de não a consumir. Todo o enredo da série se desenvolve à roda desta situação inicial.

Mantendo uma pastelaria de fachada para camuflar o pequeno negócio que gere, Nancy vai surpreendendo os telespectadores com os seus comportamentos e atitudes: mãe estremosa e rígida, negociadora calculista e inteligente, tanto mantém relações com a superfície social da cidade onde vive, Agrestic, como se relaciona com o submundo da droga, através da sua fornecedora do "material", Heylia.


Para mim o essencial da série, para além dos diálogos muito interessantes, reside nas reacções das várias personagens à intrusão do "material" ilícito num mundo dito normal, isto é, nas alterações e desenvolvimentos (bons e maus) provocados pelo negócio de Nancy. É nesta teia de desenvolvimentos que a série vai desdobrando os seus argumentos a favor e contra o levar a cabo o negócio da venda de droga (a adultos). Será que é assim tão condenável? Qual é o mal em vender um pouco de droga aqui e além para ir sobrevivendo? Estas são as perguntas que parece que os episódios nos vão fazendo...

Nancy ir-se-á confrontar com várias "forças" que a obrigarão a fazer um exame de consciência sobre a actividade que gere. Em primeiro lugar confrontar-se-á com a autoridade, sendo por várias vezes perdoada, quando é apanhada com alguma quantidade de droga.
Em segundo lugar viverá o confronto com os familiares mais próximos, nomeadamente os filhos, que educa com mão de ferro. Silas, o mais velho já desconfiava que a mãe vendesse droga; o que resulta numa perda parcelar de autoridade materna para Nancy, quando um dia Silas é levado por um polícia para casa, porque estava pedrado.
Como sente que não vive uma vida totalmente isenta, Nancy vai adiando o amor, outra força com a qual terá que confrontar, na pessoa do professor de ginástica de Shane.

Outros temas abordados na série, ainda que de raspão apenas, têm sido a homossexualidade, o multiculturalismo (o melting pot americano) e a guerra no Iraque. Mas para mim continuam a ser os dilemas de Nancy Botwin o mais interessante motor de "Erva".

domingo, 19 de agosto de 2007

Gritar nos ouvidos dos que fazem os programas televisivos e dizer-lhes aquilo que acho e achamos muitos sobre "A Herança de Verão"

Esta foi a breve nota enviada mailicamente à RTP:

"Dúvidas, Sugestões, Opiniões - Tudo o que esperamos de Si!" é o nome desta rubrica e é com esses objectivos, por vossas excelências assim autorizados, que este mail se propõe e impõe. Este mail é uma lista de opiniões e de sugestões sobre um programa que, emitido em horário nobre, tem roçado muitas vezes a banalidade. Falo claramente da "Herança de Verão", no qual uma apresentadora se pavoneia como se estivesse a ter o melhor desempenho possível e esperável neste género de programas, um concurso. Mas sobre esta pivot eu não falarei (mais). Falarei, isso sim, sobre momentos, vícios, tempos mortos, erros crassos de que o programa enferma na sua própria lógica.

Já não falarei sobre dadas etapas do programa, que mais parecem premiar a estupidez do que a demonstração do saber - sobretudo, a primeira fase e a segunda. Já não falarei da chamada "batata quente", fase do concurso cujo objectivo não percebo qual é. Com efeito, nesta fase, há uma pergunta - sem grande interesse e à qual ninguém com a tal cultura geral média/boa sabe responder - que se destina a eliminar um dos concorrentes. Ora, é assim uma questão de sorte e não de saber!

Já não falarei das perguntas do "Duelo", difíceis até mais não, e sem qualquer interesse, pois não testam a tal cultura geral! Aqui faço uma paragem e grito a plenos pulmões: Como se pode apresentar na RTP um programa com todas estas deficiências e gerido da forma como é? Como é possível? Os portugueses não merecerão mais? Não mudaremos o programa, mas gritaremos aos ouvidos dos que o fazem!

Não é com a intenção de denegrir gratuitamente um programa que escrevo este mail; acho que devemos ser humildes e reconhecer que podemos sempre fazer melhor; a questão não é o espectador, desenganemo-nos, a questão são as debilidades de um programa em horário nobre. Será honesto que as reconheçamos, será honesto sermos humildes...

Essas debilidades aponto-as a dedo para que se saiba, gritadamente, quais são – mas não com a esperança de que venham a ser corrigidas:

  1. Por que razão bate o público palmas desalmadamente? Em qualquer ocasião do programa, o nosso público só se sabe manifestar com palmas, mesmo em momentos em que não fazem qualquer sentido. É ridículo e dá a impressão que o público, embora não esteja amestrado, está anestesiado…Será? Sugestão: gerir melhor a participação do público. Estou certo de que José Carlos Malato o saberá fazer.

  1. Que ideia é essa de pedir ao público que repita o número de telefone do concurso de casa? Fá-lo-ão com gosto? Estão por lei obrigados a isso? Tem alguma lógica que o façam? Eu bem digo que os nossos públicos estão anestesiados…Sugestão: quem mande que acabe com isso.

  1. No “Duelo”, que sentido faz que “se ponham lado a lado” os concorrentes para transferências da quantia acumulada, se a vimos passar no momento anterior sobre a bonita mesa do programa. Esta a mim abisma-me e revolta-me. Estamos em horário nobre!

Reafirmo, para terminar, a minha confiança na capacidade de reflexão de quem produz “A Herança de Verão”, no sentido de acolher benignamente todas as perplexidades e sugestões suscitadas por um programa que está longe de ser divertido e que está muito mais longe ainda de ser perfeito. Mas pode aperfeiçoar-se… Assim o desejem vossas excelências.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Sondagem: Pinto da Costa iria para a Polinésia Francesa ( e já agora descubra as incoerências)


Questionada acerca do que faria a Jorge Nuno Pinto da Costa, se
pudessem, a nossa amostra revelou dados muito interessantes. 68% dos nossos inquiridos pronunciou-se a favor de uma ida do presidente do FCP para a Polinésia Francesa; já 16% respondeu que preferia vê-lo a lavar bancas no mercado do Bolhão, enquanto 12% gostaria que desse lugar aos mais novos no cargo de maior proeminência social que ocupa. 4% da nossa amostra escolheu não responder, por respeito aos cãezinhos do visado.

Para esta sondagem foram realizadas, entre 13 e 16 de Agosto, 22,5 entrevistas telemóvicas, das quais 419 foram a mulheres. A margem de erro situa-se nos 97,5 por cento.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

domingo, 12 de agosto de 2007

100 anos passados do nascimento de Miguel Torga


Para que vos ventem nos ouvidos, queridos ignorantes, aqui se expõe ao vento os versos de Miguel Torga, na efeméride do seu centenário...

Orfeu rebelde, canto como sou:
Canto como um possesso
Que na casca do tempo, a canivete,
Gravasse a fúria de cada momento;
Canto, a ver se o meu canto compromete
A eternidade no meu sofrimento.

Outros, felizes, sejam rouxinóis...
Eu ergo a voz assim, num desafio:
Que o céu e a terra, pedras conjugadas
Do moinho cruel que me tritura,
Saibam que ha' gritos como há nortadas,
Violências famintas de ternura.

Bicho instintivo que adivinha a morte
No corpo dum poeta que a recusa,
Canto como quem usa
Os versos em legitima defesa.
Canto, sem perguntar à Musa
Se o canto é de terror ou de beleza.

Toquem os sinos para que se ouça em todo o orbe terrestre e ressoe nos interstícios dos confins do mundo!

Mais uma pessoa debaixo do tecto do mundo. Mais um bebé nasceu e para ele deseja-se o que mais se quer: toda a Felicidade do mundo!

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Não gosto!

Não gosto do modo como as televisões e demais meios de comunicação estão a explorar selvaticamente o caso Madeleine McCann. Há dias que um recrudescimento do interesse no caso se baseia em poucas notícias e em muitíssima especulação por parte desses meios de comunicação, o que me desagrada. Como cão ao osso, as televisões abocanham qualquer vestígio remoto de informação, qualquer nova pequena ideia, mesmo que infundada, mesmo que puramente conjectural, para despejar no ouvido e nos olhos dos telespectadores um chorrilho de semi-notícias e de não-notícias....Porque notícias a sério sobre este caso, nem uma sequer nestes últimos dias tem havido. A tirania das audiências é mortífera e a primeira coisa a morrer é o jornalismo com qualidade e isento.