domingo, 27 de maio de 2007

Tele-Visões - I


Poderá Federer tornar-se o melhor jogador de ténis de sempre? Se contarmos com as informações que a televisão pública nos transmite sobre este desporto, nunca o saberemos...De facto, nem quando Roger Federer ganhou o primeiro "Grand Slam" desta época - o torneio australiano, em Janeiro - a RTP fez eco de mais uma proeza do número 1 do ranking ATP. Portanto, e no começo do segundo "Grande Slam" - os Internacionais de França, vulgo Roland Garros -, não esperemos mais informações da parte de onde elas deveriam vir. A RTP comporta-se de um modo assaz estranho para quem se arroga o direito de ser televisão pública e paga pelos portugueses. Já o futebol tem honras televisivas, entrando-nos em casa, não pelo segundo canal - onde a maior parte dos jogos deveriam com efeito ser difundidos -, mas pela porta da frente, pela RTP 1. Acho revoltante a perspectiva lobbyista de silenciar uns desportos e de pôr outros - leia-se futebol - nos "cornos da lua". A programação desportiva do canal público dá assim uma péssima ideia das prioridades que a norteiam, chegando a passar jogos de futebol de importância perfeitamente secundária - jogos amigáveis, jogos de apuramento de sub-19 - na RTP 1. Se bem me recordo, a congénere espanhola (RTVE1) só se dá a esse luxo - numa exacta medição do que é e do que não é serviço público - quando sabe que está a lidar quase com símbolos nacionais (um Fernando Alonso, um Real Madrid, um Rafael Nadal...). Talvez então que os programadores da RTP devessem fazer um breve reflexão sobre a RTVE e que não custa nada - basta analisar a sua programação - para passarem a ter a noção das prioridades e das conveniências num canal que se quer de todos e que não esteja - lobisticamente, parece-me - refém do "campo" (na acepção de Bourdieu) futebolístico. A não ser que digamos, quase como Fernando Pessoa: Portugal, hoje és (só) futebol.

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