terça-feira, 19 de junho de 2007


Cantiga, partindo-se

Senhora, partem tão tristes

Meus olhos por vós, meu bem,

Que nunca tão tristes vistes

Outros nenhuns por ninguém.

Tão tristes, tão saudosos,

Tão doentes da partida,

Tão cansados, tão chorosos,

Da morte mais desejosos

Cem mil vezes que da vida.

Partem tão tristes os tristes,

Tão fora d'esperar bem,

Que nunca tão tristes vistes

Outros nenhuns por ninguém.

João Roiz de Castel-Branco (séc. XV), Cancioneiro Geral, III

1 comentário:

Liliana F. Verde disse...

Este poema é melhor que muita coisa que se escreve hoje!